Realizado na sede da Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Cidadania (Setrac), o seminário teve início com uma emocionante apresentação do Coral de Surdos do Instituto Emanuel. Em seguida, foi realizada a primeira palestra do seminário. Com o tema “A experiência do Projeto NEACA/MMSG no atendimento a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência Sexual”, a psicóloga Aline Deus e a assistente social Bárbara Maria Ferreira trouxeram o conhecimento adquirido em São Gonçalo para debater em nosso município.
Segundo o secretário responsável pelo Setrac, Luís Eduardo Peixoto, “a troca de experiências é fundamental para que as pessoas que trabalham com crianças e adolescentes vítimas da violência sexual saibam lidar de maneira adequada, tendo como base exemplos de outros municípios. A ideia, com esse seminário, é chamar atenção de toda a comunidade para que tenham consciência de que é função de qualquer cidadão combater esse tipo de violência”, explicou o secretário.
Em Petrópolis, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), localizado à Avenida Dom Pedro I, nº 546, é a unidade pública onde as crianças e adolescentes, vítimas de violência sexual, são encaminhadas pelo Conselho Tutelar e Ministério Público. Atualmente, cerca de 140 famílias são acompanhadas pela equipe de técnicos do Creas, conforme explica a coordenadora do local, Jaqueline do Valle Garcia:
“Chegando lá, há o acompanhamento pico-sócio-juridico. Os psicólogos, assistentes sociais e advogados orientam uma equipe de técnicos para prestar um serviço multiprofissional no atendimento não só das crianças ou adolescentes, mas também de toda a família, porque mesmo eles são afetados nesses casos”, declarou à coordenadora.
Ela dá dicas de como identificar o abuso infantil. “É necessário um olhar especial sobre a vítima. Os pais e as pessoas mais próximas, que conhecem a criança ou adolescente, como o professor, por exemplo, devem ficar atentos a um comportamento instável. Tristeza e choro sem motivos aparentes, irritabilidade, estresse e enurese, entre outros. Há uma mudança no perfil dessa criança”, explicou Jaqueline.
Outras palestras também foram apresentadas. Temas como “A Importância da Notificação”, “Atendimento do Conselho Tutelar”, “Cuidados Profiláticos” e “Serviços oferecidos no Creas”, além de mesas redondas de diversos assuntos, estiveram em pauta durante o seminário.
A estudante do 7º período de psicologia, Débora Müller, esteve presente em todo o evento e saiu satisfeita com o conhecimento adquirido. “Foi bom porque ficou claro que as várias áreas de atuação trabalham de forma interligada para levar à vítima uma melhor forma de lidar com o problema. É importante, no entanto, a prevenção para que os índices de abuso sexual infantil diminuam cada vez mais”, declarou a estudante.
O Dia Nacional do Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes é dia 18 de maio e foi instituído pela Lei Federal 9.9700/00. Essa data foi escolhida porque em 1973 um crime bárbaro, de Vitória (ES), chocou todo o país e ficou conhecido como “Caso Araceli”. Esse era o nome de uma menina de apenas oito anos de idade que foi raptada, estuprada e morta por jovens de classe média alta daquela cidade. O crime, apesar de sua natureza hedionda, até hoje está impune.